Aquele Texto Sobre o Aborto #review2017

Texto publicado por primeira vez em 09/08/2013

FAVOR LER ATÉ O FIM, para ter sentido o texto…
Hoje o aborto é um dos temas mais polêmicos.  Por ver como a maioria das pessoas recriminam os que são contra o aborto é que eu venho hoje, defender a vida. A vida é o maior ponto de debate na questão do aborto. Onde e quando ela começa é um dos temas que nunca tiveram respostas, alguns acreditam que é a partir da concepção, como a Igreja e eu, e outros acreditam que é a partir da formação do sistema nervoso, isto é, a maioria das pessoas, existem também alguns psicoanalistas que dizem que a vida começa aos 6 meses de idade, quando a criança começa a se reconhecer no espelho.

Antes que você comece a me xingar me chamando de religioso sem noção, vou explicar porque eu discordo da Igreja na sua posição de defesa da vida: todas as idéias tem um começo, ainda que a Santa Igreja queira ser infinita, ela não é! A ideia de que a vida começa na concepção surgiu da teoria pangênica, de que ou o óvulo ou o espermatozoide possuía uma espécie de homúnculo, isto é, um pequeno ser-humano  que se desenvolveria no útero materno, além de acreditarem que cada órgão criava uma miniatura de si mesmo e terminaria nesses espermatozoides ou óvulos. Acreditem ou não, o próprio Darwin acreditava nisso e chegou até a confirmar o que Lamarck dizia, que as alterações do corpo dos pais afetariam os filhos, grande cagada da vida de Darwin, mas não se pode acertar todas, não é?,  ele acreditava que a Seleção Natural se daria nos indivíduos modificados e selecionaria os mais aptos. Ainda que a Teoria Pangênica tenha caído com a redescoberta do trabalho de Mendel sobre a hereditariedade e mais tarde com a invenção do microscópio, demostrando que não existia homúnculo algum, a Igreja continuou acreditando que a vida começa na concepção.

Sabe porque eu digo que a vida começa na concepção?

Porque todos nós temos metade do conteúdo genético do pai e metade da mãe. Isto é mais fácil do que parece! O espermatozóide do pai contêm metade do conteúdo genético e o óvulo da mãe contêm a outra metade. No momento da concepção essas duas metades se unem e formam o DNA que carregamos em cada uma das nossas células.  No momento da concepção, o que se forma É UMA CÉLULA. Essa única e solitária célula é a que dará origem a todas as outras células do nosso corpo.  Ainda que monocelular, é um futuro humano. As instruções para a formação do corpo já foram feitas, a fisionomia, a cor do cabelo, a cor dos olhos, o formato do nariz, o tamanho dos dedos, o formato das mãos, a pré-disposição para a tuberculose e para o câncer de mama,  tudo isso já foi dedicido,  somente é necessário tempo para que se possa concretizar.

MAS…  (ainda não terminou):  ADICIONADO 05/11/17:

Nascemos e morremos no mesmo corpo, somos obrigados a viver a vida que resulta não só da consequência das nossas escolhas, mas também do impacto das escolhas dos demais. Quantas pessoas morrem diariamente nas largas filas do SUS porque alguém embolsou de forma ilegal o dinheiro destinado a saúde? Ou quantas mães terminam largando o emprego por não ter onde deixar seus filhos, já que aquela creche do bairro nunca foi concluída porque o Secretário de Obras da cidade precisava de uma piscina na casa nova. Nossas decisões e nossas opiniões tem um grande impacto na vida de outros.

A gravidez pode ocorrer por descuido, por planejamento, por acidente ou por abuso sexual, pelo que for, e em qualquer mulher entre a adolescência e a pré-menopausa. Seja na situação que for, a gravidez é uma carga emocional e física para a mulher, que pode ser encarada como uma GRAÇA, quando é um planejamento, ou uma DESgraça quando é fruto de um abuso.

Nenhuma mulher deveria ser obrigada a carregar uma gestação indesejada porque VOCÊ, EU ou quem quer que seja acreditamos só por conjecturas, sem nenhuma prova científica, de que a vida começa na concepção ou por qualquer outro motivo. A preferência se deveria dar à preservação da saúde emocional e física da mulher e não à nossa crença. Todos temos – ou deveríamos ter – direito de decidir sobre nosso próprio corpo. Hoje a saúde pública desatente a estas mulheres, muitas delas arriscam suas vidas em clínicas clandestinas despreparadas para qualquer urgência, e a maioria delas sendo atendidas por pessoas totalmente alheias a área da saúde.
Muitos dizem NÃO ao aborto de forma pouco empática, sem avaliar o impacto social e psicológico de uma gravidez indesejada na vida de cada uma das mulheres que acreditam necessitá-lo, mas seria correto esquecer das necessidades da mulher visando unicamente o benefício do feto? Acredito que não…

Mas então? Quem deveria avaliar qual impacto é aceitável e qual não? A sociedade? O Estado? Você e eu não seriamos capazes, existem mais realidades do que as que somos capazes de julgar e entender e o Estado seria demasiado lento. Além do mais, é bastante questionável até que ponto o Estado pode ou deve intervir sobre nosso corpo e se tal decisão realmente é de sua incumbência.

Logo, a forma mais prática de resolver a situação do aborto é a legalização. O fato de acreditar que a vida começa na concepção não me dá direito de condenar ninguém a uma gravidez indesejada e a uma vida triste. Se deve permitir que seja a mulher que decida se aceita ou não o impacto social e psicológico de uma gravidez. Desta forma estaremos pensando no bem-estar físico e emocional das mulheres. Oferecendo a opção de buscar livremente a rede pública de saúde, que deve ter o dever de apoiá-las tanto no procedimento quanto no seguimento da saúde mental e física, buscando encontrar soluções para as situações semelhantes que levaram a gravidez indesejada.

-x-

Saudações e Feliz Novembro!

“Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes
Prefiro ser essa metamorfose ambulante”

                                                     – Raul Seixas

#Review2017

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